A nova geração de celulares, apelidados de smartphones, está mudando a relação dos consumidores com o varejo. Esses poderosos aparelhos permitem acesso à Web em qualquer lugar, tiram fotos, escaneiam códigos de barras, leem códigos QR, são equipados com GPS e comportam centenas de aplicativos que facilitam as compras: comparações de preços, mapas para localizar lojas, promoções, cupons virtuais de descontos e até compras feitas diretamente através do celular, com débito direto na conta ou cartão de crédito do usuário.
Se por um lado os smartphones dão um grande poder para os consumidores, por outro os varejistas precisam fazer malabarismos para se adaptarem à nova realidade tecnológica. A facilidade cada vez maior de fazer comparações de preços em movimento, através da tela do celular, força as lojas a reduzir seus preços para não perder clientes. O varejista que não se adaptar a essa tendência corre o risco de perder vendas para um concorrente – enquanto o consumidor ainda está em sua própria loja.
Por exemplo, uma consumidora nos EUA encontrou um acessório para laptop na loja de departamentos Kohl’s, por US$ 40. Usando o smartphone, ela escaneou o código de barras do produto e usou um aplicativo chamado ShopSavvy para localizar o mesmo produto em oferta por US$ 25 na loja online Amazon.com. Enquanto ainda estava na loja da Kohl’s, a consumidora usou o celular para comprar o item.
A recente crise econômica reorientou a “bússola” do consumidor dos Estados Unidos para promoções e descontos. Os sites especializados em descontos e promoções tiveram uma alta de 6% entre outubro e novembro deste ano, atingindo 70,4 milhões de visitantes segundo dados da Nielsen.
Os lojistas, que já enfrentam dificuldades com quedas nas vendas e uma temporada de final de ano abaixo das expectativas, não têm alternativa senão se adaptarem a essas mudanças. Lojas tradicionais como a Macy’s e a Gap estão pagando (caro) para incluir suas promoções em sites especializados em ofertas.
Segundo David Bassuk, diretor da consultoria AlixPartners, os varejistas estão muito ansiosos no momento, e isso dá mais poder ao consumidor.
De acordo com Loren Bendele, CEO do site de descontos savings.com, as vendas feitas através do site devem atingir US$ 200 milhões este ano, o dobro do ano passado. Segundo Bendele, os consumidores estão cada vez mais acostumados com essas facilidades, com sites e aplicativos que facilitam o processo de compras, mesmo em lojas tradicionais. Segundo avaliação da Nielsen, cerca de 18% dos celulares atualmente em uso nos EUA são smartphones e a previsão é de que sejam a maioria dos aparelhos até 2011.
Por exemplo, o CouponSherpa usa o GPS para estabelecer a posição do usuário e localizar lojas nas redondezas que oferecem cupons – nem é preciso imprimir o cupom, basta aproximar o celular da caixa registradora. O ShopSavvy escaneia os códigos de barra com a câmera do celular e faz uma pesquisa de preços online. O Pricegrabber.com tem um aplicativo para iPhone que permite os consumidores comparem preços e comprem em lojas online a partir de qualquer local.
Os smartphones estão causando fortes mudanças no comportamento dos compradores. Mais importante, esses aparelhos estão borrando as fronteiras entre as lojas convencionais e as lojas online. O consumidor pode estar em uma loja física, encontrar um produto desejado e checar no smartphone para saber se há um cupom de desconto online para ele. Ou então, se achar o preço alto demais, o consumidor pode pesquisar por ofertas do mesmo produto – e até comprar o item pelo celular, sem sair da loja.
Essa tecnologia representa um grande desafio para o varejo nos próximos anos. E, claro, um grande número de novas oportunidades para conquistar os clientes.
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