Na semana passada, Steve Jobs, o todo-poderoso da Apple, apresentou o novo aparelho da empresa, o muito aguardado "tablet computer" iPad. Em resumo, trata-se de um computador de mão muito leve, com vários recursos multimídia e a chancela da marca Apple, que lançou produtos revolucionários como o Macintosh, o iPod e o iPhone. Além disso, o produto deve chegar ao mercado (dos EUA) por um preço relativamente baixo, entre US$ 500 e US$ 800. Analistas do setor de tecnologia estimam que a Apple poderá vender cerca de dois milhões de unidades do iPad em 2010, talvez mais com as possíveis reduções de preço no segundo semestre e para a temporada de final de ano. No próximo ano, as vendas podem superar cinco milhões de unidades.
Apesar de sofrer algumas críticas (como o fato de não ter uma câmera embutida), o iPad tem imenso potencial para transformar setores inteiros da economia. Em primeiro plano estão as empresas de mídia, que aguardavam o lançamento da Apple como um "Santo Graal", um gadget capaz de resolver o dilema de como faturar com conteúdos digitais. Se a loja de conteúdos iTunes for um bom indicador, as empresas de música e vídeo poderão ganhar um bom dinheiro fechando parcerias de conteúdo com o iPad.
Mas seria interessante examinar o impacto do iPad em outras indústrias, em particular o varejo. Nesse setor, o iPad pode ter aplicações extremamente interessantes e rentáveis, além de permitir grande economia em várias operações.
Se considerarmos o iPad como um "super-iPhone", um smartphone com mais recursos de software e tela maior (quase 10 polegadas), esse aparelho abre imensas possibilidades para ações no varejo, tanto na mão dos consumidores como dos próprios varejistas.
Smartphones como o iPhone e similares se tornaram o laboratório ideal de uma grande variedade de ações de marketing, promoções, parcerias, cupons digitais, pagamentos eletrônicos, etc. Uma das poucas desvantagens dos smartphones é que a tela é geralmente pequena, entre 3 e 5 polegadas. O iPad é um upgrade dessa plataforma móvel, que poderá ser carregado facilmente por consumidores em bolsas, pastas e mochilas. Com conexão sem fio à Internet e recursos já padronizados como GPS e Bluetooth, esses aparelhos poderão facilmente localizar ofertas especiais baseadas em localização e horário. Um consumidor que estiver próximo de uma loja poderá receber um cupom de desconto para uma liquidação relâmpago, ou uma promoção especial em um café ou restaurante. E do mesmo modo que ocorre com vários smartphones, o consumidor poderia usar o iPad para completar uma compra ou transação financeira.
Essa primeira versão do iPad pode não ter sensores de presença ou RFIDs, mas é lógico supor que as próximas versões vão incluir todas as comodidades que definem a chamada "internet de objetos". Com isso, os usuários do iPad poderão se cadastrar para receber promoções especiais quando estiverem próximos do estabelecimento comercial, comparar preços lendo códigos de barras e códigos QR e completar transações de cartão de crédito e débito simplesmente aproximando o aparelho do caixa.
Em ações de marketing, o iPad poderá aproveitar sua tela maior para exibir anúncios e cupons mais atraentes. Um dos grandes fatores de sucesso do iPhone é que terceiros podem desenvolver aplicativos ("apps") específicos para o aparelho, com funções específicas. Só esse setor de apps é responsável por uma explosão econômica.
Do outro lado do balcão, o iPad poderia substituir uma grande variedade de aparelhos atualmente usados pelo varejo. Aplicativos especialmente desenvolvidos poderiam transformar o iPad em uma ferramenta de back-office, para controle de estoques e gerenciamento de atividades administrativas. Também poderá ser usado como equipamento de atendimento ao cliente no espaço da loja, auxiliando funcionários na consulta rápida de itens e características de produtos, podendo até facilitar o fechamento de compras.
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