Reportam Stephanie Rosenbloom e Michael Barbaro, no New York Times, que a gigante Wal-Mart está colhendo os frutos de um encontro secreto realizado em 2005. O "Choice Meeting" reuniu os executivos da maior rede de supermercados do mundo com os principais especialistas em meio ambiente dos EUA.
Na época, a rede estava sob forte ataque, devido à práticas trabalhistas questionáveis e pelo seu imenso impacto ambiental. O Wal-Mart era sinônimo do capitalismo feroz e insensível, o tipo de operação comercial que tem o lucro como único objetivo. Em 2004, um relatório apontou que 8% dos consumidores deixaram de comprar no Wal-Mart devido à má publicidade cercando a empresa.
O CEO da rede, H. Lee Scott Jr., pressionou a direção da empresa a mudar radicalmente essa visão, adotando um imenso programa de sustentabilidade. A gigante do varejo se tornaria verde a partir de então. E isso causou uma mudança no mercado varejista inteiro -- afinal, a gravidade do Wal-Mart é grande demais, e outras redes não podem ignorar as iniciativas da líder. Não apenas os varejistas, mas grandes fornecedores como a General Electric e a Procter & Gamble mudaram suas práticas comerciais nesses últimos anos em função do programa do Wal-Mart.
Hoje, cerca de 200 milhões de consumidores passam anualmente pelas lojas do Wal-Mart para comprar lâmpadas fluorescentes que consomem 75% menos energia, detergentes concentrados que usam 50% menos água e medicamentos embalados com a metade do papelão de antes. Só em 2007, a rede vendeu 100 milhões de lâmpadas fluorescentes compactas. Para o fabricante, é menos lucrativo vender lâmpadas que duram mais -- mas nem a GE se atreveria a perder um cliente do porte do Wal-Mart. Ao vender apenas sabão concentrado para máquinas de lavar, o Wal-Mart estima que seus clientes economizaram cerca de 1,4 bilhão de litros de água, 47 milhões de quilos de plásticos, 62 milhões de quilos de papelão e quase 2 milhões de litros de óleo diesel nos últimos 3 anos.
O Wal-Mart diz que agora economiza US$ 3,5 milhões ao ano reciclando o plástico nas próprias lojas. A frota de caminhões foi redesenhada para ser 25% mais eficiente no consumo de combustível. Segundo um analista, a empresa vai economizar US$ 500 milhões em combustível até 2020.
E o programa se mostra muito eficiente onde realmente interessa: os lucros atingiram US$ 12,7 bilhões em 2008, comparado com US$ 11,2 bilhões em 2006. As vendas saltaram de US$ 312,4 bilhões para US$ 375 bilhões no mesmo período.
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