Criadas originalmente para o controle de estoques e distribuição nas lojas, as etiquetas com microtransmissores de rádio (RFIDs) se tornam cada vez importantes no combate à pirataria de produtos.
Essa preocupação é cada vez maior, em vários setores do varejo. Mas com o uso de novas tecnologias, os falsificadores poderiam perder espaço. O uso de RFIDs nos produtos poderia funcionar como um certificado de autenticidade, dificultando a ação dos falsificadores.
Na Europa, o executivo de informações Christian von Grone, da marca de roupas Gerry Weber, tomou a decisão de investir uma grande soma na inclusão de RFIDs nos produtos da marca. Cada etiqueta eletrônica custa cerca de 9 centavos de euro, e a empresa fabrica cerca de 26 milhões de peças por ano. Esse volume de produção representa um grande investimento em uma tecnologia de segurança, mas von Grone se mostra confiante. Segundo ele, o motivo para o investimento é muito simples: é uma maneira de fazer a empresa economizar muito dinheiro, reduzindo as perdas causadas pelas falsificações.
O executivo acredita que o investimento em RFIDs vai compensar em curto prazo, atacando a distribuição de produtos falsificados nos mercados da empresa, de uma forma mais eficiente e menos dispendiosa que a checagem manual dos produtos. A vantagem dos RFIDs sobre os códigos de barras e outros sistemas de controle é que as etiquetas nas caixas e itens individuais podem ser verificadas à distância por scanners sem fio.
Segundo dados da International Anti-Counterfeiting Association, o mercado de mercadorias falsificadas chega a US$ 600 bilhões anuais. Além do prejuízo para os fabricantes e varejistas, há também o risco para os consumidores de produtos falsificados: dezenas de milhares de pessoas morrem todos os anos, vítimas de bebidas alcoólicas e medicamentos falsos, segundo dados da firma Vandagraf International.
O atrativo para os piratas de produtos é muito alto: um único carregamento de comprimidos falsos de Viagra pode valer US$ 1,2 milhão no mercado aberto.
Em seu programa contra a pirataria, a Gerry Weber envia etiquetas com RFIDs para os fornecedores, que são então costuradas dentro das etiquetas das peças. Ao enviar um número controlado de etiquetas eletrônicas, a marca assegura que qualquer discrepância nos volumes distribuídos por seus parceiros poderá ser facilmente identificada. A Gerry Weber, como muitos outros fabricantes, que cortar o mal pela raiz -- geralmente, a falsificação ocorre por desvios de seus parceiros no exterior, em países sem muitos controles sobre a pirataria de produtos.
Quando um produto legítimo passa por um scanner em um centro de distribuição ou uma loja, o RFID emite um sinal individual único, como um número de série, que pode ser checado em uma lista contendo as informações sobre o lote ou produto. Um artigo falsificado não terá um RFID, ou terá um RFID cujo número não bate com o banco de dados da empresa.
Apesar de serem amplamente usados há mais de uma década, apenas recentemente os RFIDs se tornam pequenos e baratos o bastante para serem aplicados a milhões de produtos -- talvez bilhões. Essa curva de tamanho e preço poderá tornar possível o sonho da "internet de objetos": uma rede global de produtos identificados, que poderão ser localizados a cada instante em qualquer ponto do globo.
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