Para a maioria das agências de pesquisas e analistas das principais publicações especializadas, 2010 marcou a consolidação das tecnologias digitais no varejo. Em vários aspectos, o ano foi um divisor de águas no uso de tecnologias pelo comércio. Dentro desse cenário muito vigoroso, podemos destacar algumas tendências importantes para 2011:
A explosão do comércio por celular. O m-commerce, o comércio móvel, ganhou imenso destaque em 2010. Os usuários estão trocando seus celulares antigos por smartphones em ritmo acelerado, e os novos aparelhos permitem uma grande variedade de funções voltadas para as compras. Localização de lojas, comparação de preços, catálogos virtuais, promoções personalizadas e cupons de descontos são alguns dos atrativos para o comércio via celular. Aparelhos cada vez mais sofisticados e potentes estimulam a criação de aplicativos ("apps") específicos para o varejo, cada vez mais criativos e úteis. Centenas de empresas e desenvolvedores independentes apostam nesse filão, lançando programas novos a cada semana.
O comércio eletrônico se tornou parte essencial do varejo. O e-commerce existe desde o começo da internet comercial, em meados dos anos 1990. Passou por muitos percalços, crises, bolhas financeiras, equívocos. Mas o processo evolutivo avançou, e ao longo da primeira década do século XXI o varejo online colecionou mais sucessos do que fracassos. O e-commerce começou a ter vida própria, com soluções próprias para lucrar independentemente das crises e problemas das lojas físicas. Se na virada do século as vendas online representavam uma fração mínima do varejo, em 2010 o e-commerce exibe resultados respeitáveis, chegando a 15% das vendas mundiais do setor. Em 2011, essa tendência deve se fortalecer, com previsões generosas de crescimento, bem acima do varejo tradicional.
Sustentabilidade como norma. As grandes redes de varejo expandiram seus programas de sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental, conscientes da percepção dos consumidores sobre essas questões. Pão de Açúcar, Wal-Mart, Carrefour e outras redes lançaram grandes campanhas de sustentabilidade, destacando a reciclagem, a redução das emissões de carbono, o uso racional de recursos, a preferência por fornecedores social e ambientalmente responsáveis. Essa linha de ação deverá ser intensificada em 2011, como um diferencial essencial da imagem das empresas, em um ambiente econômico onde as margens de lucro estão muito estreitas. Podemos esperar mais campanhas destacando produtores locais, cultivo orgânico e carne produzida sem aditivos.
Automatização das compras. Apesar de alguns tropeços, as tecnologias desenvolvidas para facilitar as compras em lojas devem avançar em 2011. Carrinhos de supermercado com computadores embutidos, caixas que registram as mercadorias automaticamente, telas nos corredores e gôndolas para auxiliar as decisões dos consumidores são algumas das tecnologias com maior chance de crescimento este ano e no futuro próximo. Os sistemas de pagamento biométrico (baseados na leitura de impressão digital, palma da mão ou íris) ainda sofrem com alguma resistência dos compradores, mas também devem ter avanços este ano. Sistemas que não sejam percebidos como invasivos pelo consumidor terão mais chances de serem adotados em larga escala.
Etiquetas inteligentes. Tanto nos estoques como nos corredores das lojas, as tecnologias pós-códigos de barra estão avançando. As etiquetas com microtransmissores de rádio (RFIDs) são as mais promissoras, mas seu crescimento ainda é bem aquém do previsto no começo da década passada -- apesar de grandes apoiadores, como a rede Wal-Mart. Entre as queixas apontadas pelos usuários estão a grande variedade de padrões proprietários que não conversam entre si e problemas de conexão entre as etiquetas e os equipamentos de leitura. Acima de tudo, o preço por etiqueta continua alto. Se o preço individual das etiquetas cair dramaticamente nos próximos meses, isso poderá causar uma grande transformação nas operações do varejo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário