Na última sexta-feira, a famosa liquidação "Black Friday" nos EUA registrou vendas recordes de US$ 52,4 bilhões, graças aos milhões de consumidores que lotaram as lojas e shoppings do país em busca de promoções e ofertas.
Segundo dados da National Retail Federation, as vendas cresceram 16% em comparação com o ano passado, e os compradores gastaram em média US$ 398,62, comparado com US$ 365,34 no ano anterior. Só na web, as vendas da Black Friday cresceram 26%, atingindo US$ 816 milhões. Na véspera do Dia de Ação de Graças, as vendas online foram 18% maiores, chegando a US$ 479 milhões, segundo dados da ComScore.
Na semana passada, as redes de varejo puderam sentir o impacto das redes sociais em suas vendas. O executivo-chefe da famosa loja Macy's, Terry Lundgren, se declarou surpreso com o número de compradores na casa dos 20 anos que visitou a maior loja da rede, em Nova York. Lundgren avalia que esse público foi atraído pelos relacionamentos online -- conversas com amigos nas redes sociais poucas horas antes da liquidação foram o fator decisivo para elevar a frequência de jovens no dia da liquidação.
Mas para aqueles que não quiseram enfrentar trânsito, lojas lotadas e filas na sexta, existe a Cyber Monday -- a liquidação do e-commerce levou poucos anos (e não décadas) para se consolidar no calendário como uma das datas mais importantes do varejo americano, em termos de vendas, tendências e estratégia.
A previsão da ComScore é que neste ano a liquidação online poderá atingir a marca de US$ 1,2 bilhão em vendas. Segundo a pesquisa da Shop.org, oito em cada dez varejistas dos EUA prepararam promoções especiais para a data. Um dado interessante da pesquisa é que a liquidação online não se limita à Cyber Monday: os sites de comércio fazem uma "ponte" da sexta-feira até o começo da semana, dando grande importância para o fim de semana. O motivo é simples: uma pesquisa do site PriceGrabber revelou que 39% dos consumidores planejavam comprar na segunda feira, enquanto o restante disse que dividiria suas compras nos quatro dias do fim de semana pós-Ação de Graças.
Os analistas de consumo apelidaram a tendência de "couch commerce" -- o que significa que os consumidores valorizam cada vez as compras feitas no conforto do lar, sem a tensão e os transtornos das compras nas lojas.
Lelah Manz, estrategista chefe de comércio da firma Akamai, apontou a explosão do uso de tablets como o fator mais interessante no comércio eletrônico deste final de ano. Manz lembra que quando a Cyber Monday surgiu, a maioria dos usuários ainda dependia de conexões por modem e linha discada em casa -- só as empresas já possuíam conexões mais velozes (muitas pessoas compravam a partir do local de trabalho). Agora, diz ela, praticamente todo mundo tem conexões de banda larga. E com os tablets, as pessoas podem entrar mais cedo nos sites de comércio. Os varejistas de maior sucesso neste momento são aqueles que souberam antecipar essa mudança no comportamento dos consumidores devido à evolução da tecnologia.
Segundo uma pesquisa da Coremetrics da IBM, 15% do tráfego de internet nos EUA em novembro será originado em smartphones e tablets -- o que indica o fim do predomínio do PC de mesa como equipamento preferencial. Os varejistas estão atentos a essa transformação, e as estratégias mais cuidadosas vão se traduzir em um volume maior de vendas este ano -- e isso no momento em que os EUA passam por uma crise econômica.
Segundo Pam Goodfellow, diretora da BIGresearch, os consumidores do EUA se acostumaram a esperar as melhores ofertas online do ano na Cyber Monday.
Depois dessa euforia toda, a questão crítica para os varejistas americanos é se essa bonança vai continuar até o final da temporada de compras. Ainda não está claro se os consumidores voltaram a comprar em peso, ou se apenas adiantaram as compras das festas para novembro.
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